AUGUSTO DOS ANJOS
- Gleyci Silva
- 1 de set. de 2018
- 2 min de leitura
Atualizado: 8 de ago. de 2021
O mais original dos poetas brasileiros

Augusto dos anjos veio da paraíba para o Rio de Janeiro em 1910. com 26 ano recém-casado, pensava conseguir na capital do Brasil um meio de subsistência compatível com a cultura e o talento que possuía. Não teve exito em sua desilusão seria ainda maior: não encontrou nem mesmo quem lhe apreciasse o astro. Para publicar aquele que viria a ser seu único livro, precisou valer-se do auxílio financeiro do irmão.
A crítica contemporânea o ignorou e, se alguma exceção de abriu, foi para reputá-lo autor de versos estapafúrdios e aberrantes. De certo modo, o repúdio ao seu engenho poético e as penas da vida familiar confirmavam a voz pessimista do poeta, que cantava (e co que personalidade!) a onipresença da dor e a excludente destinação do homem á morte, aos vermes e ao pó.
Conta francisco de Assis Barbosa que, em novembro de 1914, Orris Soares e Heitor lima encontram-se com Olavo Bilac. Um grande poeta, responderam-lhe, e Heitor lima aceitou o soneto, Versos a um coveiro. Bilac sorriu superiormente e comentou:"Fez bem em morrer, não se perde grande coisa".
Bilac não viveu o bastante para perceber que se enganara. Os anos da guerra modificavam o gosto dos leitores e a literatura excedia o frívolo tropo de "sorriso da sociedade". Da terceira edição de mim em 1928, venderam-se 5.500 exemplares em dois meses os primeiros 3.000 em apenas 15 dias. Era o começo da longa e acidentada via do reconhecimento público, que faria de augusto o que ele é hoje, um dos mais admirados poetas brasileiros, por certo, o mais original.

A DOR
Chama-se Dor, e quando passa, enluta
E todo mundo quer por ela passar
Há de beber taça da cicuta
E há de beber até o fim da taça!
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Há de beber,enxuto o olhar, e enxuta
A face, e o travo há de sentir e a ameaça
Amarga dessa desgraça fruta
Que é a amargosa fruta da desgraça!
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E quando o mundo todo paralisa
E quando a multidão toda agoniza,
Ela, ainda altiva, ela ainda o olhar sereno,
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De agonizante multidão rodeada,
Derrama em cada boca envenenada
Mais uma gota do fatal veneno!
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